Aprendendo a ser pais ausentes

Sair para trabalhar;
Pagar as contas em dia;
Praticar atividades físicas;
Comer de forma “saudável”;
Fazer networking;
Meditar;
Fazer cursos para não ficar “desatualizado”;
Correr atrás dos nossos sonhos;
Dar atenção aos amigos;
Estar presente para os familiares;
Ter pique para a vida sexual e social
...
A lista de afazeres fica cada dia maior. Bem vindos à época do “seja mais produtivo" que acredita que consegue fazer tudo sem ter nenhuma perda. Mesmo tendo que dar check nessa lista exaustiva, ainda é preciso lidar com o assombro de estarmos sendo pais ausentes e, por isso, estarmos traumatizando nossos filhos.
Vale lembrar que nossos filhos viverão - na melhor das hipóteses - décadas além de nós, e totalmente órfãos. Para quê investimos em escolas caras, cursos extracurriculares e tantas outras atividades senão para garantir que estamos criando sujeitos autônomos? Precisamos entender que nossa participação na vida deles só faz sentido se estiver voltada para além de nós, para as interações sociais e o mundo. Nos ausentamos no trabalho, amando outras pessoas, outras coisas e a nós mesmos.
Para o bem da saúde mental dos nossos filhos, é preciso que tenhamos outros interesses e outras fontes de prazer e realização, o que lhes permitirá tê-los também. Ninguém deve carregar o peso de ser tudo para um pai ou uma mãe, assim como é injusto criar uma criança sem apoio ou espaço para descansar. O contato com outros seres humanos, limitados, reais, honestos, sinceros e protetores, sejam familiares, sejam profissionais é fundamental.
Então façamos a reflexão: o que realmente é possível para cada família específica, para além da fantasia no qual os pais sejam tudo para os filhos (como se isso fosse bom!)?. Em resumo, é preciso escolher sua perda e sustentá-las, as novas gerações agradecem.